terça-feira, 13 de março de 2012

Estrambolia/ Quando fui vento

Estranho tambor bulia
meu coração, batucada
na mata, melofolia
o vento e a bicharada
Meu corpo todo tremia
coisa que já existia,
mesmo antes d'eu saber o quê,
na minha espinha corria
contando pra eu correr
1, 2, 3 e eu ia
correndo na mata doida
o mato, o galho cortando
zunido de faca sonhando
um calor de brasa ardendo
e meu coração correndo
o medo me corrompendo,
a perna criou vontade.
Me desesperei, fui sofrendo
valei-me, meu pai!
foi doendo
valei-me, gritei, fui correndo
Meu grito pingava chorar
tremendo, queria parar
estranho tambor batucando
meu peito se despedaçando
sentia que ia voar
pensei em parar, não deu tempo
Valei-me, meu pai,
virei vento!

....

Quando virei vento
cheirei o cabelo da cajazeira
ela me sentiu, me deu cajá
eu fui sorriso de borboleta
eu fui caneta de ar
fui assobio de nuvem
fui prenúncio de mar
fui aviso no mundo
de tudo que vai chegar.

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