segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Poema para Mariazinha

Maria Maritaca
Tacapiula, como fala!
Abre a boca e deságua
Um dia vai dar no mar

Um mini ser humano
De olhar atrapalhado
Diz que é olhar pra todo lado
Coisa de geminiano

Maria Muriqui
Não faz mais xixi na cama
E agora só reclama
que não sonha mais com o mar

Ria com banguelice
de piada que ela disse
Rimaria com Maria
Risada, xixi e amar

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Apontamentos em dia de praia

Gosto de usar chapéu de sol
pra queimar juízo
e criar sorriso
E, também, pra ser verão
em chuvas de não
Sou sim
Caminhante de mar
e molhante de areia
Só pego jacaré de pensamento

Tem brisa de dentro pra fora
Diz que é mato e tem cheiro verdonho
Depois tem sal, sem idade
e tem sede
Mas aí já são outras águas

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Manoel

Hoje eu deitei com Manoel
E antes de dormirmos
Ele me disse-que pode
fazer com palavras
o que nem palavras sabem fazer delas
Eu cri
Mas só porque senti
E me senti palavra em suas mãos de habilidade

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Segredo de espelho

À José Ariosvaldo

O homem sem semblante
se mudou dos meus olhos
e veio morar no meu rosto
(que quer dizer memória)

Foi o que o espelho me disse.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Vontade de voar

Eu pari duas asas
de vontade de voar
Não sei anjo
nem sei passarinho
Sei gente que é livre
e liberta

Na veia aberta de qualquer lugar
Voar é o primeiro passo.
O último nasceu morto
de vontade de voar

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O sonho do olho

Dormindo estou desperto
para um mundo que não sei
se estando de olho aberto
algum dia eu verei
O sonho do olho é o sono
Nesse estado, vira pro outro lado
e acorda

domingo, 11 de dezembro de 2011

O sonho das palavras

O papel recebe tinta
recebe as letras que lhe derem
mas não sente nada
Seu papel é guardar
o sonho das palavras
O sonho de toda palavra é ser sentida

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A avozinha

A avozinha sempre triste
olhos fundos, trazem nada
Coração pesa tonelada
vejo pelos ombros curvos
Coração, por sua vez, carrega tudo
muita coisa ainda espera sua vez
muita coisa já não serve
A avozinha nunca arruma
a bagunça do peito
Sua cabeça nunca pensa nisso
Sua cabeça pensa
nas mudas de roupa suja
na comida ainda não feita
no mundo e seus defeitos
E em outras coisas sem jeito
A avozinha nunca está satisfeita
Não lhe emprego culpa

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Mente e corpo

A mente olha pro corpo e diz:
"Venha, me acompanhe"
Mas o corpo não sabe como
não sabe de qual ventre
fará nascer corpo humano
que possa acompanhar a mente
Portanto, mantenho o corpo
naquilo que ele permite
e, junto com o Mestre Tempo,
fazendo com que acredite
que possa correr com a mente
na velocidade que imite
um cometa em sua viagem
uma luz atravessando
o diadema do espaço

A mente para sempre ágil
e o corpo sempre tentando
atravessar seu limite.